sábado, 5 de março de 2011

Caminhos da vida,

Então eu avistei o médico, estava ansiosa. Quando ele começou a frase com ‘infelizmente’ não senti mais minhas pernas, era como se um abismo abrisse sobre mim. Sempre admirei muito a profissão de um médico, ter coragem de olhar para uma família esperançosa e dizer que tal pessoa acabara de falecer era para fortes. Nunca imaginei que essa cena poderia acontecer comigo, era meu avô, o meu querido avô que tinha ido. Que tinha ‘batido as botas’, tinha ‘partido dessa para uma melhor. ’
Eu pensava ‘E agora?!’ uma situação desesperadora, caótica. Eu não consegui conter minhas lágrimas, ele sempre foi muito presente em minha vida, era uma parte de mim. Depois de chorar, a primeira coisa que eu fiz foi olhar para minha mãe. Minha mãe sempre foi muito forte, e nesse momento ela não derrubara uma única lágrima. Meu irmão gritava pelos corredores do hospital, era desesperador. Cresci aprendendo que o que se leva da vida é o amor, mas nesse momento percebi que não se leva nada, que o amor fica que as lembranças ficam... Você vai, vai sozinho, vai para um fim inútil, e que todos os anos batalhados ficaram para outra pessoa.
Era muito difícil aceitar que os dias iriam passar e que eu teria de me acostumar com aquilo, meu coração parecia não suportar essa dor. Essa dor ainda presente em mim. Não conseguia acreditar que dali alguns dias eu iria acordar divulgar o meu sorriso e dividir um bom dia com meus colegas, era complicado pensar nisso.
Com os anos aprendi que não esquecemos e sim aceitamos. Prefiro que ele vá a ficar aqui sofrendo. O amor que sentia por ele e ainda sinto é incondicional, é puro, é real! A questão precisa é o tempo, não que ele cure algo, não, mas que ele ajuda a aceitar. Eu aceitei.
Depois de 9 anos de sua falência, aprendi que ele ainda está vivo, sim, em meu coração, aprendi que ainda o sinto, nos dias com brisas intensas posso sentir sua mão massageando meu cabelo, posso vê-lo e escuta-lo, posso estar junto dele, eu posso, porque eu acredito!
Não que o amor tenha diminuído, nunca! Mas que eu aprendi a ver a situação com outros olhos, a enxergar a realidade, aceitar que a vida continua. E que mesmo assim, eu jamais estarei sozinha.