sexta-feira, 21 de maio de 2010

Todos podem ser felizes!

Sábado, dez e trinta e cinco da manhã. Estava no parque beijando o garoto perfeito, quando de repente meu celular toca, Márcia me faz acordar de um sonho perfeito. Sento em minha cama, com a cara amassada e cabelo bagunçado. Digo “alô” junto com um bocejo. E para minha alegria, Ma, só me liga pra dizer que o garoto de que ela gosta, disse que a amava!

Bem legal!

Quando acordo, não consigo mais dormir, então era melhor me levantar e enfrentar mais um dia...

Incrível era como meu irmão percebia quando eu acordava. O pirralho, já estava gritando meu nome e batendo em minha porta. Aquilo me irritava tanto. Antes de gritar com ele, olhei em minha agenda, e ‘uou’ era hoje o baile de formatura. Durante a semana inteira, recebi mensagens anônimas em minha bolsa, armário e até lanche! Era de um garoto, (dava-se para perceber pela letra) e sempre era a mesma mensagem “por enquanto, é assim que vou meu comunicar com você, tenho vergonha. Você já tem um acompanhante para o baile no sábado?”

Como responder? Tamanha burrice por parte do menino, que não deixava escrito onde eu poderia colocar a resposta!

Respirei fundo, contei até 10 e lentamente abri a porta do meu quarto para ver o que Pietro queria. O danado só queria que eu descesse para tomar café com ele, já que mamãe e papai tinham saído para sei lá onde!

Minha mãe era mais moderna do que eu. Adora comprar roupas da moda, usar celulares com alta tecnologia, mesmo que ela não soubesse mexer. Quando recebo uma mensagem dela: “acabei de passar na loja e pegar seu vestido, já descobriu quem é o garoto secreto? rsrs quando eu chegar em casa, esteja pronta, marquei hora no cabeleireiro pra você. Não brigue com o seu irmão. Beijos, amo você”.

Depois de um longo café da manhã, sou OBRIGADA a assistir pica-pau! Não tem punição pior que isso!

Dando uma desculpa de que precisava me trocar, fui correndo pro meu quarto. Onde abri a janela e dei de cara com um casal de passarinhos, o riso foi inevitável.

Exatamente meio dia e trinta e dois, minha mãe chega e nem entra em casa, já me leva direto pro salão. Era sempre a mesma coisa, toda vez que íamos ao salão de Rose, minha mãe ia me criticando e voltava me elogiando. Dessa vez não foi diferente, ela dizia que minhas unhas estavam feias, que minha sobrancelha parecia mais uma mono celha e assim ia..

Chegando no salão cumprimentei Rose, que com suas “garras” já foi me arranhando. As manicures logo me cercaram, mamãe perguntou que horas ela poderia buscar a “linda” filha, Rose disse que umas seis, sete horas estava bom!

As velhas que pintavam seus cabelos comentavam de Dona Lurdes, vizinha delas. Decidi me ocupar lendo uma revista, onde achei um penteado lindo.

Passaram-se horas e horas, quando finalmente mamãe chegou, ela ficou espantada com tamanha minha “beleza”.

Pagamos, agradecemos e fomos.

O baile começava ás quinze pras dez. Estava fechando o zíper de meu vestido quando a campainha toca. Meu pai abre a porta e cumprimenta a pessoa. Que aos poucos vai subindo a escada.

Estava de costas para a porta, mais minha mãe logo mata a charada da vez. Ela grita :”PEDRO! Que lindo que você está”

Realmente ele estava lindo, usava um terno e seu perfume tinha uma fragrância deliciosa!

Pedro era lindo, e tinha um bom gosto! Ele vivia sendo assediado por meninas de nossa escola.

Meu espanto é tão grande que gaguejo ao pronunciar seu nome. Minha mãe enfim termina de prender meu vestido. Coloco meu sapato, me despeço e entro no carro de Pedro!

Vamos em silêncio, quando estacionamos, ele pede desculpa por não ter se manifestado antes, como todos sabem, ele é tímido!

A festa estava linda, não devo negar que quem a organizou, tem um ótimo gosto. Todos olham para mim e Pedro, cochichando coisas como “ele veio” ou então “eles formam um casal tão lindo” a cheguei a escutar “eu devia estar no lugar dela”.

Quando começa a tocar a valsa, Pedro olha para mim e ri. Era um riso nervoso, ele chegou perto do meu ouvido e levemente sussurrou: “não poderia ter uma companhia melhor”. E sinceramente não sei de onde ele tirou coragem, mas ao fim de suas palavras encostou seus lábios aos meus!

Seria um sonho igual ao que tive hoje de manhã, que só mudara o cenário? Agora pouco importa também!

Sentia-me nas nuvens. A valsa acabou, e começou as musicas atual. Todos olhavam para nós. Sua mão macia tocava na minha. Estávamos no meio da pista de dança, nos beijando.

Noite perfeita? Você ainda tem duvidas?

sábado, 15 de maio de 2010

Antes de tudo, tem a alma, o sentimento!


Se as pessoas que você conhece fossem de outro jeito (físico) você ainda seria amigo delas?
Eu explico: se aquela sua amiga esbelta, engordasse uns seis quilos... Você continuaria sendo amiga dela? Se seu amigo de cabelo perfeito, raspasse... Você continuaria falando com ele?
Se não, desculpa, mais, você não enxerga as pessoas pelo seu modo de ser. Você só está do lado dela pra dizer que você é amiga de uma pessoa bonita, legal, popular.
É fácil ver pessoas bonitas juntas... Mas se fosse diferente? Se umas dessas pessoas fossem “cheinhas”, você continuaria andando com elas?
A aparência, muitas vezes não diz nada ao respeito das pessoas, pelo ao contrario... A aparência engana-nos deixa iludidos.
A uns três/quatro anos atrás tive uma amiga, Carol* (*nome alterado), ela sofria com obesidade. Todas as pessoas que descobriram que ela era obesa, a abandonou. Nenhuma pessoa foi capaz de descobrir o quanto ela era especial, linda, encantadora por dentro.
Tenho amigas, que sofrem Bulling (Bulling é uma discriminação, feita por alguns cidadãos contra uma única pessoa.) as pessoas zombam-as, fazem piadas de mau gosto, mas não sabem que atrás de uma pessoa “feia” existe uma pessoa maravilhosa!
É preciso conhecer para depois julgar/amar. Coloque-se no lugar dessas pessoas, você gostaria de ser rejeitado só por sua aparencia?
Conheça antes de falar, e não seja ‘amigo’ só por interesse em outras coisas.Um dia pode ser você que estará ali, sendo “rejeitado”.
Amar: aceitar a pessoa como elas são, independente de sua aparecia fisica. Gostar da pessoa por seus atos.
Talvez seja a hora de acordar e aceitar todos que estão em sua volta, ignorar os padrões de beleza. O cabelo? Bom, ele uma hora irá crescer. A gordura? Se você se empenhar, uma hora você irá elimina-la. É só você querer, ter um pouco mais de força de vontade. Diga não ao Bulling, diga não as pessoas inconvenientes que só veem a “casca” e mau esperam para ver o “conteúdo”.
Aceitar uns aos outros, deixando de lado a aparencia, é a coisa mais simples que podemos fazer!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Se apaixonar, vale mesmo a pena?

Quem de você, leitores, já sofreu por amor? Aposto que muitos levantaram a mão ou apenas lembrou-se de certas pessoas.

Mas, todos vocês já se apaixonaram de verdade? Eu cheguei à seguinte conclusão: quem se apaixona de verdade, não sofre!

Eu era jovem, estava no auge dos meus 13/14 anos, já não me lembro. Eu ia e voltava da escola a pé; sempre passava em frente de um clube. Havia muitos garotos lá. Mas, eu só tinha olhos para Giovanni, ele era vizinho de minha amiga Janaina.

Giovanni era moreno, não tão alto, tinha uma boca carnuda, seus olhos eram de um contorno perfeito.

Se me lembro bem, era sexta-feira dia 14 de junho. Fazia um frio insuportável; Jana chamou alguns amigos para assistir filme e comer pipoca em sua casa. Coisa típica da região onde moro. Entre esses amigos, estava Giovanni. Enfim, todos se acomodaram. Tive sorte, “Gi” sentou-se ao meu lado.

Percebi algo tocando minha mão, era mão dele. Fingi que nem tinha percebido. Nesse instante o filme acabou.

Já era tarde, mesmo assim, Dona Érica, mãe de Janaina nos convidou para dormir em sua casa, todos falaram com seus pais, e eles autorizaram.

Resolvemos inventar uma brincadeira, cujo nome era “jogo da verdade”. Funcionava da seguinte maneira: um a um teria que contar um segredo para todos, não importava o tema. Logo imaginei que tudo daria certo para mim.

Começou com Janaina, e para meu espanto ela confessou que gostava de Giovanni. Para dizer a verdade, nem me importei, pois algo me dizia que Giovanni não gostava dela. E acertei! O próximo era ele. Gi, apenas sorriu olhando para Rafaella, todos já podiam imaginar. Passou-se por todos, e chegou minha vez. Eu tinha um sério problema de não controlar minha língua, e sem pensar nas conseqüências eu apenas disse que era louca por Giovanni. Sentindo o meu impulso incontrolável, coloquei a mão em minha boca, com medo de mim mesma.

O silencio foi total. Aquilo era o maior segredo de minha vida, e em questões de segundos todos já sabiam.

Muitos riam mais Giovanni olhava para mim com uma cara de interrogação. Para meu espanto, o mesmo se levantou e chegou perto de mim – ou de rafa, que estava bem ao meu lado-. Ele me encarava, como se tivesse algo escrito em letras miúdas na minha testa. Era estranho. Fecho os olhos para fugir de mim mesma. Quando os abro, vejo o “inesperado”, Giovanni beijando Rafaella. Já era de se esperar!

Não corri, não chorei, não ri, não tive reação. Apenas fiquei observando – sim observar é o meu forte-. Apenas fiquei ali, parada. Uma ventania começa, escutam-se trovões. Aquele fenômeno que acabava de acontecer lá fora, descrevia bem o que eu estava sentindo. Meu sangue corria de pressa, meu coração batia descontrolado. Mas não iria me deixar- de novo- sofrer em vão.

Os anos se passaram e aquele momento resolvi deixar apagado em meu coração. Não iria sofrer novamente.

A partir de quatorze de junho, aprendi a gostar de quem gosta de mim. Resolvi parar e pensar ‘será que vale mesmo a pena perder um tempo de minha vida com isso’.

Hoje vejo que sou uma mulher! Não por ter mais de dezoito anos, e sim por ser madura o suficiente para poder escolher o que é melhor pra mim! Por eu enxergar o meu valor, por eu tem coragem de dizer ‘não’, por eu ser eu mesma, sem tirar nem por, e não formar uma mascara com que os outros querem ver.

Eu pensava que tinha me apaixonado de verdade... Tolice minha, tolice juvenil.

Lembra-se do começo? “Eu cheguei à seguinte conclusão: quem se apaixona de verdade, não sofre!”

Foi assim que aprendi...E, uma hora, você, poderá aprender! Se já não aprendeu...



sexta-feira, 7 de maio de 2010

Não deixe nada acabar...

Desde cedo, sempre fui uma criança sonhadora. Adora inventar histórias assim como minha amiga Julia Coriolano com sua banana. Eu era do tipo que fazia do impossível realidade; sempre que a família estava reunida, adorava fazer peças de teatro, implicando que sim eu conseguia voar. Meu avô sempre me apoiava e dizia..”enquanto tivermos fé em Deus, tudo o que sonhamos poderá acontecer” eu era a garotinha mas inocente porem a mais feliz do mundo.

“vovô” sempre dizia que quando eu crescesse iria me tornar uma escritora, e agora estou aqui, escrevendo esse texto para vocês meus leitores ou apenas colegas de sala ou de anos atrás...

Lembro-me de ser persistente e insistir ao máximo para que meu avô colocasse um balanço no quintal de sua casa. Todo final de tarde ia lá, e meu avô dizia “viu minha filha, você consegue voar” eu era tão inocente que apenas concordava dizendo “sim vovô eu consigo”. Eu não precisava de computador, celular e muito menos dinheiro, eu era feliz com apenas um balanço. Hoje, infelizmente meu avô já é falecido.

Hoje olho para minha irmãzinha e a vejo falando sobre namoro, brigas, celular, computador...

É deprimente não a ver no balanço (que ainda há no quintal da casa de minha avó) e sim mexendo em meu celular, no computador....

Essa juventude, não sabe aproveitar sua infância. Não sou a mais velha pra dizer ‘você tem que fazer isso e aquilo’ nunca! Mas, é triste ver seres TÃO inocentes, já falando coisas que quando eu tinha a mesma idade nem imaginava que existia.

Tenho certeza que se meu avô, se ele estivesse vivo as coisas seriam diferentes, talvez minha irmãzinha freqüentasse mais o parquinho que fica poucas casas abaixo da casa de minha avó, talvez ela comentasse do quanto o amiguinho dela fala, talvez ela me chamasse para brincar de ‘barbie’ talvez...

Com certeza, se meu avô estivesse aqui, as coisas seriam diferentes..

Não faço esse texto para você, leitor, se comover, mas sim para refletir...OLHA O QUE A TECNOLOGIA ESTÁ FAZENDO COM NOSSAS CRIANÇAS!

Daqui a pouco tempo, você irá falar sobre balanço, escorregador e as crianças não saberão o que é isso. Sim gente, isso é uma revolta, eu queria poder voltar no tempo, naquele tempo que eu era TÃO feliz e o mais incrível, eu era feliz com tão pouco, não precisa de tecnologia nenhuma. É hora de parar de sermos egoístas e pensarmos nos outros, nas futuras gerações. Elas merecem ser feliz e saber que a simplicidade vale mais do que qualquer coisa. Não apaguem essas memórias, e não deixe que essas coisas aconteçam. E se você por sorte ainda tem seu avô, o agradeça por tudo, por cada brincadeira que vocês já fizeram juntos, por absolutamente tudo, eu era tão jovem que mal tive tempo para agradecê-lo por tudo.

Esse texto, eu criei pensando em uma das pessoas que mais me influenciaram nessa estrada chamada vida. Meu lindo avô, Olimpio. Se eu sou o que sou hoje, é porque muita coisa foi ele que me ensinou. Obrigada “vovô” por tudo, e eu sei que aonde o Sr. Estiver, esta me olhando e me guiando como sempre fez. Obrigada por cada momento, por cada empurrão em meu balanço, obrigada por acreditar em mim, obrigada por ter os melhores métodos de acabar com meu soluço. Obrigada por ter sido o meu avô. Você é o meu anjo da guarda, aqui ou em qualquer lugar!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Obrigada por tudo mesmo!

Hoje estava conversando com minha melhor amiga; Estávamos fazendo dupla em um trabalho.

Ao terminarmos, o professor deixou agente conversar.

O mais incrível, era que mesmo agente se vendo todos os dias, SEMPRE, tínhamos assunto.

Era legal o modo da qual ela se “declarava” pra mim. Lágrimas que segundo ela “são lágrimas de felicidade” caiam pela sua face. Ela olhava pra mim e dizia “eu não mereço tanto” eu ria.

Fiquei pensando no que dizer, pois tudo o que ela dizia me acalmava. Os outros me chamavam, mas pouco me importava eles naquele momento. Eu só tinha tempo para escutá-la, pela milionésima vez!

O que mais me assustava era quando ela dizia “tenho medo de te perder” eu me sentia mal; eu sabia que aquilo jamais aconteceria. Mas como explicar pra ela?

Meu coração estava querendo falar, infelizmente, ele não achava palavras para dizer o quanto eu necessitava dela.

Minha família sempre teve muitos “problemas” o melhor de tudo, era que ela, somente ela entedia todos e os respeitava. O QUE EU FIZ PRA MERECER?

Às vezes me pego agradecendo a Deus, por ter colocado-a em minha vida.

Ok, moral da história: há dias em nossas vidas, na qual você está feia, chata e emburrada. E quando todos dão as costas pra você, só uma pessoa está do seu lado, falando que você está linda e tudo aquilo que você precisaria ouvir naquele momento. Tem dias que sua vontade é de chorar o dia INTEIRO, mas vem AQUELA pessoa e faz essas lágrimas virarem em sorrisos, como se fosse mágica. Me avô dizia, que quando Deus está muito ocupado com as coisas dele, ele manda anjos da guarda para cuidar de nós e nos guiar sempre.

O ponto que eu quero chegar é o seguinte: não há palavras que descreva aquela(as) pessoa(as) que mesmo com todos os seus erros estão sempre com você, que mesmo que você esteja errada ela(as) vem e não desistem de você e sim ficam ao seu lado até o fim!

Melhores amigas não se encontram em qualquer lugar, e só se sabe que tal pessoa é sua melhor amiga na hora da dificuldade. Quando todos virarem a cara pra você, ela estará sorrindo. E ai você perceberá que tudo o que falta em você, tem nessa pessoa. Amigas de verdade não julgam e sim ajudam..reveja suas amizades. Tudo que citei nesse texto está na personalidade da sua melhor amiga? Então parabéns, você é tão feliz e não imagina...olhe em torno, e veja as pessoas que sempre estiveram do seu lado, agradeça-as pela paciência, pelo amor, pela confiança, pela fidelidade, pelo carinho, pelas brigas, por TUDO.

Você já disse que ama sua melhor amiga hoje? Não perca tempo, amanhã pode ser tarde demais!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Vem me tirar da solidão!

Sempre considerei amizade sinônimo de alegria, compaixão, união, afeto entre tantas outras coisas. Sempre tive muita sorte, Clara e Mariana sempre estiveram comigo. Enfim, elas eram tudo que eu precisava para ser feliz.

Sempre estudamos juntas, nossas mães eram amigas desde sempre, a casa de uma delas era minha casa e vice versa. Éramos cúmplices de nossos acertos e erros!

Era 9 de dezembro, uma tarde chuvosa, estávamos na chácara de minha avó, que não estava lá, só viria uma semana mais tarde. A TV era nossa única fonte de sobrevivência, celular não tinha sinal e a internet não pegava. Era o fim do mundo – fato-. Mas mesmo com esse tédio, estava legal, era estranho o modo da qual o silencio delas me dava um conforto. Só de saber que elas existiam e que naquele momento estavam do meu lado, estava tudo bem. Decidimos relembrar os velhos momentos, de quando estávamos na terceira serie, onde brincávamos de “gato mia”, apagamos todas as luzes e começamos a girar Mari, depois Clarinha e eu fomos nos esconder; Clara foi pra estante perto do sótão. Enquanto eu fui para trás do sofá. Logo Mari me encontrou, falei para Clarinha vir para sala de novo. Ela não veio, vasculhamos detalhadamente cada parte da casa. Clara só podia estar de brincadeira, ela adora nos dar susto. Gritei pela sala, “Clara, chega, a Mari já me achou, vem pra cá, serio!” ela não apareceu, pensando na hipótese, de ser uma brincadeira, sentamos e começamos a assistir TV.

Passaram-se uma hora e meia, e nada de Clara aparecer. Resolvemos sair em sua procura; entrei no sótão, olhei em TODOS os lugares. A chuva começou a ficar mais forte do que já estava.

Mari olha para mim com os olhos cheios de lagrimas, tento acalmá-la, era impossível, estava muito preocupada também.

Mari disse que ia olhar nos quartos, após alguns poucos minutos, escuto um barulho no andar de cima, onde estavam os quartos, sinto um cheiro de fumaça; corro em desespero para ver o que aconteceu. Um raio acabara de cair em nosso telhado. Procuro loucamente Mariana, ao perceber que um quarto já estava em puras chamas resolvo descer as escadas, mas quando olho para o lado; meu coração pulsa mais forte, vejo mariana em chamas. Já falecida. As minhas lágrimas são incontroláveis. Esqueço o telefone lá em cima, e ao chegar ao meu quarto, vejo Clara, jogada pela janela, faltando pouco para cair. Agora já era inútil tentar socorrê-la, suas pernas já estavam roxas e seus braços pegavam fogo. Liguei apressadamente para o Corpo de Bombeiros da cidade. Não poderia estar acontecendo aquilo. Escuto barulho de gás. Olho para a cozinha e vejo o botijão vazando. Minha única saída era correr. Em poucos segundos a casa explode e os bombeiros chegam.

Jogo-me no chão, sofrendo de dor como se algo tivesse acontecido comigo; mas não, eu estava bem, meu sofrimento eram aquelas lembranças, aquelas imagens, Mari pegando fogo, e Clara... Não consigo comentar.

Deveria ter feito por honra, e ficar lá, dentro da casa. Morrer por amor, um amor que nunca encontrei e nunca vou encontrar em ninguém. Talvez agora, poderia estar ao lado delas; num paraíso em que muitos acreditam.

Estou doente. Doente por dentro, uma sensação estranha me mata. Sensação de culpa.

Todos em minha volta se desculpam pelo o que aconteceu. Desculpas pra que? Elas não farão Clara e Mariana voltar. Que vontade de sair e gritar “EU QUERO VIVER”, mas sem elas, não é possível.

Onde estão vocês agora? Além de aqui, dentro de mim!