sexta-feira, 18 de junho de 2010

Doce entrega,

Marcos era incrível. Seu jeito, suas manias me deixavam com gosto de ‘quero mais’. Nós nos conhecíamos desde o pré três, agora tínhamos 15 anos e cursávamos o primeiro ano do ensino médio, juntos, como sempre.

Nossa amizade era sincera, gostava mais de contar meus segredos para ele do que para minhas amigas. Ele realmente me conhecia, saberia me descrever sem nenhum erro.

Era outubro, um intervalo normal, como outros quaisquer, mas algo diferente acontecia. Ao

voltar da cantina, olho para marcos que já estava sentado na mesa onde sempre ficávamos. Fico ali, parada olhando ele. Alguma coisa estranha percorria meu corpo chegando ao meu coração. O que poderia ser isso? A última coisa que queria imaginar era que eu estivesse gostando dele. NÃO! Isso nunca, que bobagem a minha.

Ele me avista e me faz sinal para ir até ele, chacoalho minha cabeça e vou, como se nada tivesse acontecido/acontecendo. Dou-lhe seu lanche e levemente ele toca minha mão, nesse momento meu braço fica arrepiado, ele, com um ar de piada pergunta o que estava acontecendo. Sorri e disse que não tinha na

da de errado comigo.

Durante eternos dias, a mesma sensação estranha me perseguia e não era apenas na escola, mas em qualquer lugar que eu fosse aquilo ia junto também.

Chegou dezembro,

último dia de aula. Como sempre fazíamos, desde a quinta série, resolvemos que iríamos ao shopping, perto de nossas casas. Quando chegamos, já fomos logo comprando os ingressos para o filme. Na hora que sentamos para comer algo, aquela sensação vem com mais força, e nossa, como era bom sentir aquilo. Meu coração disparava, minhas mãos suavam, em minha mente vinham imagens estranhas, para tentar voltar à realidade abaixo minha cabeça e repito comigo mesma “calma, está tudo bem!” ao levantá-la, percebo que Marcos me observava atentamente, ele acariciou minha mão e percebeu que a tal estava suada. Ele rindo disse “mão que soa é mão de pessoa apaixonada!”. Marcos praticamente me obriga a tocar a sua mão. Ele me fez perceber que estava do mesmo jeito, que sentia as mesmas coisas. Quando nossos olhares se cruzaram, percebo que estamos com os olhos brilhando. Eu, sem graça, tiro minha mão da dele e dou risada. Marcos fica serio. Pergunto o que está sentindo, para meu espanto ele me beija.

Afasto-o de mim, ele não entende. Digo a ele “mas, e se isso não for o certo? O que estamos fazendo?”. Com um sorriso nervoso ele apenas responde: “só iremos saber se isso é o certo se arriscarmos. Não me importa o amanhã, só quero viver o agora, e de preferência que esse agora seja com você.” Dou um sorriso amarelo e penso “melhor não me enganar e assumir, é eu estou apaixonada por ele”. Para fugir de seu olhar, fico atentamente observando uma criança, ao perceber, ele me leva a seu encontro. O clima de suspense fica no ar, aquele momento que vivemos daria um bom filme. Segura de meus princípios acaricio sua mão, e nos beijamos. O que as pessoas em nossa volta achavam não me importava, só queria viver aquele momento.

Já tinha vencido o medo de amar, agora só me restava aproveitar!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Tudo outra vez,

Eram seis horas da manhã de uma segunda-feira. O tempo estava feio, parecia noite.

Entro no carro. O pior era imaginar que teria aquentar os “parabéns” de meus amigos. Sim infelizmente era meu aniversário.

Odiava essa data, o que comemorar? Era menos um ano de vida, simplesmente fútil.

Ao bater a porta do carro, ajeito minha franja. Entro na escola e já me deparo com as “tias” me dando parabéns, apenas dou um sorriso torto. Ao entrar na sala, vejo Lúcia, essa “toupeira” já vai puxando os parabéns, e toda turma vai no embalo, se perguntando quem era a aniversariante do dia. Quando começam a gritar meu nome desejo – de olhos fechados- desaparecer dali. E, nossa. Quando os abro, me vejo em um lugar que já estive antes. Imagine agora, aquele lugar em que você sempre sonhou em estar (não precisa existir e não tenha vergonha/medo) esse lugar que você imaginou se encaixa perfeitamente em meu texto.

Reconhecia tudo. Cada folha, cada móvel, cada pétala. As pessoas ao meu redor olhavam para mim como se eu fosse conhecida. Era muito estranho. Vou andando devagar, meus pés –descalços- tocavam as folhas que caiam das árvores. Era lindo! Deparo-me com uma pessoa um tanto quanto engraçada, calças curtas, várias blusas coloridas e metade do cabelo era preso. Não consigo conter o riso. Ao perguntar seu nome, percebo que ele para e pensa e nossa, ele diz que não se lembra! Sem vergonha eu o chamo de zito, era um apelido legal!

Pergunto a zito onde eu estava, só podia estar sonhando. Ele, feliz me responde que não é sonho, e ali era apenas o lugar que eu tinha criado em um sonho, era o MEU espaço.

Nesse momento devo ter feito cara de boba, olha em minha volta e vejo cada coisa, tudo do meu jeito, como eu sempre quis que fosse. Para meu susto, zito, me abraça forte, dizendo baixinho em meu ouvido ‘ e eu não me esqueci, parabéns pra você’, em vez de criticar e dizer que odiava essa data resolvi me conformar a final, ele não espalhou para todos que era meu aniversário. Estava muito cansada, e de longe avisto uma casinha, pergunto a meu, agora fiel parceiro se podemos ir até lá, ele apenas sorri, resolvi interpretar como um sim!

Ao entrarmos ele fala que essa era minha casa, e que poderia fazer o que eu quisesse! Agora minha única vontade é de dormir! Deito-me, zito me beija na testa. Estava em um sono profundo, quando escuto um despertador, olho ao relógio e vejo que já são seis horas da manhã de uma manhã de segunda-feira, olho para a janela e vejo que o tempo estava feio e que parecia noite. Quando dou por mim vejo que estou em casa. Assustada, corro para ver que dia é, o que tinha acontecido? Era meu aniversário.

Mas espera, essa história não já aconteceu?