Eram seis horas da manhã de uma segunda-feira. O tempo estava feio, parecia noite.
Entro no carro. O pior era imaginar que teria aquentar os “parabéns” de meus amigos. Sim infelizmente era meu aniversário.
Odiava essa data, o que comemorar? Era menos um ano de vida, simplesmente fútil.
Ao bater a porta do carro, ajeito minha franja. Entro na escola e já me deparo com as “tias” me dando parabéns, apenas dou um sorriso torto. Ao entrar na sala, vejo Lúcia, essa “toupeira” já vai puxando os parabéns, e toda turma vai no embalo, se perguntando quem era a aniversariante do dia. Quando começam a gritar meu nome desejo – de olhos fechados- desaparecer dali. E, nossa. Quando os abro, me vejo em um lugar que já estive antes. Imagine agora, aquele lugar em que você sempre sonhou em estar (não precisa existir e não tenha vergonha/medo) esse lugar que você imaginou se encaixa perfeitamente em meu texto.
Reconhecia tudo. Cada folha, cada móvel, cada pétala. As pessoas ao meu redor olhavam para mim como se eu fosse conhecida. Era muito estranho. Vou andando devagar, meus pés –descalços- tocavam as folhas que caiam das árvores. Era lindo! Deparo-me com uma pessoa um tanto quanto engraçada, calças curtas, várias blusas coloridas e metade do cabelo era preso. Não consigo conter o riso. Ao perguntar seu nome, percebo que ele para e pensa e nossa, ele diz que não se lembra! Sem vergonha eu o chamo de zito, era um apelido legal!
Pergunto a zito onde eu estava, só podia estar sonhando. Ele, feliz me responde que não é sonho, e ali era apenas o lugar que eu tinha criado em um sonho, era o MEU espaço.
Nesse momento devo ter feito cara de boba, olha em minha volta e vejo cada coisa, tudo do meu jeito, como eu sempre quis que fosse. Para meu susto, zito, me abraça forte, dizendo baixinho em meu ouvido ‘ e eu não me esqueci, parabéns pra você’, em vez de criticar e dizer que odiava essa data resolvi me conformar a final, ele não espalhou para todos que era meu aniversário. Estava muito cansada, e de longe avisto uma casinha, pergunto a meu, agora fiel parceiro se podemos ir até lá, ele apenas sorri, resolvi interpretar como um sim!
Ao entrarmos ele fala que essa era minha casa, e que poderia fazer o que eu quisesse! Agora minha única vontade é de dormir! Deito-me, zito me beija na testa. Estava em um sono profundo, quando escuto um despertador, olho ao relógio e vejo que já são seis horas da manhã de uma manhã de segunda-feira, olho para a janela e vejo que o tempo estava feio e que parecia noite. Quando dou por mim vejo que estou em casa. Assustada, corro para ver que dia é, o que tinha acontecido? Era meu aniversário.
Mas espera, essa história não já aconteceu?
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